quarta-feira, 22 de julho de 2009

Vergonha do porteiro

Morar em prédio não é das opçoes mais confortáveis de se viver. Trocar quintal, varanda e jardim por um espaço - nem sempre "digno" desse nome - dividido em cômodos chamado de apartamento .

Mas o pior de tudo nem é isso. O pior é a vida big brother que se leva cotidianamente. Além de câmeras monitorando todos os seus movimentos pelas ditas "áreas comuns", ainda se tem a câmera humana do olho do porteiro...

Ok, você pode estar pensando que vergonha do porteiro deve ser uma das coisas mais absurdas que uma pessoa pode sentir. No fundo eu também acho. Mas não tem jeito, eu tenho vergonha #prontofalei.

Mesmo com o revezamento de horários, geralmente os prédios têm o mínimo de 3 porteiros por dia, um em cada período, sendo o da noite o mais "temido". Claro! É bem no horário dele que a vida de mulher acontece. Mulher que a luz do dia mascara como simples mãe de família, profissional e tal diante de todos os demais moradores. Até quando o bonitão vem trazer de manhã depois de passar a noite com ele, fica parecendo que você já foi logo cedo a algum lugar que não um motel (se você não estiver de cabelos molhados, obviamente...).

É, portanto, à noite que temos prova dos nove. Quando testamos nosso grau de independência ideológica e verificamos nosso índice de "bem-resolvidismo" postural. É... bem naquela hora que a amiga chega para te dar uma carona pra balada. Cada dia é uma e cada vez mais tarde o horário de saída. Mas o mais complicado mesmo são os - inúmeros - homens que a gente vai conhecendo por essas saídas afora e com quem, inevitavelmente, acabamos marcando um primeiro encontro. Afinal, esperança é a última que morre...

A cada novo "pretê" que aparece pra me pegar em casa, não consigo evitar de lembrar ou contar mentalmente quantos homens e carros diferentes já pararam na frente do meu prédio. E o pior de tudo é que alguns desses homens - a imensa maioria - nao passa de uma única saída. Por isso, a neura da mãe de família vem à tona: "ele (o porteiro) vai pensar que me separei pra cair na gandaia e trocar de homem toda semana! E eles vêem os meus filhos todo dia por aqui brincando!"

Dane-se o porteiro e todos! Super fácil de pensar e dizer isso no nível racional. As amigas ainda tentam ajudar:
" ah, e ele vai saber se é seu amigo, primo, o que o valha?"
" deixa disso, levanta a cabeça, olhe com firmeza e diga boa noite!"

Ok, prometo melhorar! Assim que eu me mudar pra uma casa!

sábado, 11 de julho de 2009

Identificando "manés"

Uma das coisas mais divertidas de quando se fica solteira - mesmo que contra nossa vontade - é sentir-se disponível para receber olhares, cantadas e piropos. Nada faz tão bem à autoestima do que constatar que o flerte partiu de um homem interessante (leia-se forte, bonito, charmoso e gostoso). Ah, tudodebompontocompontobr!

Nesse contexto, porém, como n
ão poderia deixar de ser, o perigo normalmente mora ao lado... é minha gente... O mundo lá fora (leia-se dos não casados) anda muito perigoso e cheio de de "manés". O sábio ditado já dizia que quem vê cara não vê coração, mas basta estarmos com o grau de carência um pouco elevado no momento para cairmos no conto do primeiro mané que aparece.

N
ão tem jeito, mulher sozinha atrai os manés, somos como ímas, é incrível, já repararam? Se disser que é separada ainda, nossa, o mané vibra! Ah, só é bom salientar que mané é questão de personalidade, nada a ver com nível social, profissão e muito menos idade.

Mas a boa notícia é que identificar manés é bem fácil se não estamos a fim de nos iludir. Vamos a alguns deles:

Mané executivo
- É aquele (ou aqueles) que, na mesa ao lado no bar com outros homens, num provável "happy hour da firma", claramente olham e falam sobre você e/ou sobre suas amigas, riem, e ficam disputando quem vai ser o escolhido para "chegar junto". Normalmente est
ão de terno ou camisa, com ou sem gravata e até aparentam ser sérios e bem de vida.
ALERTA: Homem que vale a pena n
ão se aproxima assim de uma mulher

Mané under age
- É aquele que quase sempre está de boné, tênis, bermud
ão ou correntinha grossa no pescoço. Costuma ser confiante e encara sozinho falar com você, geralmente fazendo alguma pergunta que já sabe a resposta, se achando "super estrategista".
ALERTA: Ele pode até ser fofinho, mas vai querer dividir o motel

Mané maduro
- Talvez o mais difícil de identificar, pois aparenta ser bem de vida, resolvido, gentleman e essas coisas que nós dizemos que queremos num homem. Mas assim que ele se aproxima, fica te secando de cima a baixo enquanto fala sobre sua bem-sucedida vida profissional e pessoal, as viagens que fez, os livros que leu, citaçoes mil. É aquele que te faz uma pergunta mas n
ão ouve a resposta, sacou?
ALERTA: Ele sempre vai querer ao lado uma mulher inferior a ele, para se sentir o maioral
.

Mané bom papo
- É aquele que é capaz de tudo, mas de TUDO mesmo por uma transa. Diz que está cansado de balada, que tá difícil encontrar mulheres bacanas, que foi mágico encontrar você, que gosta de relacionamentos mais consistentes. Costumam praticar grandes atos, como te levar ao cinema ou a um restaurante caro. Alguns s
ão capazes de aguentar semanas só nos amassos e beijos na boca, apenas insinuando o sexo.
ALERTA: Ele é um conquistador, só quer transar, nada mais.

Quem souber de mais algum Mané, n
ão deixe de contar aqui!

bjs

sexta-feira, 10 de julho de 2009

A vida das "maridas"

Uma mensagem no celular:

- olá, C., aqui é L. Ligo para dizer que A. nao está bem de saúde e se nega a ir ao médico. Está com febre. Por favor, me ligue.

C. então para L. e pergunta o que aconteceu.

- A. está doente, nao quer ir ao médico e eu nao posso ir pois tenho medo do que seja e possa passá-lo ao meu filho.

- claro, estamos em época de gripes suínas, não dá pra vacilar. Mas vou ligar a ela e ver o que fazer, reforçar o alerta.

- Alô, A., soube que você está doente. Poxa, pega um táxi e vá ao médico agora.

A. responde:

- Não, não se preocupe, já me mediquei, e vou esperar até amanhã.

Depois de uma troca de sugestões do que era melhor fazer, C. explica a A. que também não pode levá-la porque está alguma virose que ainda nao sabe o que é, e seria perigoso para ambas por conta dos respectivos filhos. Mas C. desliga dizendo:

- Se você nao se cuidar, vou ligar para a T., que você sabe, é um general, e vai te dar mais broncas que eu.

- Obrigada, querida, C., eu te amo.

No dia seguinte C. ligo para A. e fica sabendo que estava bem melhor.

Um pouco mais tarde, C. comenta no msn com F. que estava preocupada com sua virose, que dependia de alguns exames. F., por sua vez, mãe de dois filhos, e gestora de três grandes projetos, não hesita em dizer:

- Se precisar, me chame, eu faço questão de ir com você.

Um dia antes, Tr., estava triste. Solteira e decepcionada com um amor vai-não-vai, que agora tomou outro rumo, outra parceira, e a desapontou pelo pouco-caso. C. deu todas as dicas de viagem para conhecer um lugar paradisíaco da Bahia, a fim de que ela se refizesse. Quando Tr. chegou lá, mandou um torpedo a C., gratíssima pelas dicas. Começava sua retomada com ajuda da Bahia de todos os santos.


As seis personagens aqui envolvidas têm entre 30 e 50 anos. Quatro são mães, cinco solteiras. Uma é noiva sem filhos - que dá bronca sempre que alguém reclama da falta de marido. Morou nos EUA e considera a sociedade brasileira tão machista a ponto de as mulheres se sentirem oprimidas por não lograrem encontrar um parceiro ou fazer um filho.

Todas aprenderam a se reconhecer nas demais e assim, fortaleceu-se o respeito pelo leão morto de cada dia, e criaram um canal de generosidade inconteste.

As mulheres muitas vezes se perdem correndo atrás do amor romântico, e nestes momentos dá para perceber o quanto são seres espontaneamente amorosos, que já vivenciam o amor de mãe, de amigas, de irmandade.

Tal qual o rei Roberto, que elegeu Erasmo Carlos seu irmão de fé, amigas verdadeiras se tornam irmãs, brincam de ser "maridas", em nome de proteger-se e reconhecer a dificuldade por oras de tocar a vida com tantas responsabilidades.

Se soubermos agradecer o que temos de bom - e amor entre amigas e mulheres é um presente poderoso - vamos relativizar os demais amores que esperamos.

Tive a sorte de experimentar amigas-irmãs desde cedo. E a cada ano que passa, outras aumentam esse grupo, que acabam compactuando com as anteriores e assim por diante.

Isso me lembra uma coisa que sempre invejei nos homens: a irmandade, o corporativismo entre eles, que está presente desde sempre, mais legitimado por eles mesmo, que sempre aumentaram a tese de que éramos competitivas. Nesse quesito a ética masculina de proteger seu igual é maior que o das mulheres sim. Mas isso não vale para todas as mulheres.

As mulheres na essência são muito solidárias entre si. É um presente, que talvez muitas pessoas passem nesta vida sem saber do que se trata.


Carla Jimenez